terça-feira, 29 de novembro de 2011

" Pobres garotos "

Um fato real, dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela, um deles de cinco anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro. Estavam famintos: - "vai trabalhar e não amole", ouvia-se detrás da porta; "aqui não há nada moleque...", dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças... Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes: "Vou ver se tenho alguma coisa para você... Coitadinhos!" E voltou com uma latinha de leite. Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos: você é o mais velho, tome primeiro... e olhava para ele, sorrindo com seus dentes brancos, a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua. Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino...! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta fortemente os lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite. Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: - Agora é sua vez. Só um pouco. E o irmãozinho, dando um grande gole exclama: "como está gostoso!" - Agora eu, diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, á boca, não bebe nada. - Agora você. - Agora eu. - Agora você. - Agora eu. E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo... ele sozinho. Esse "agora você, "agora eu" encheram-me os olhos de lágrimas... E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, a sambar, a jogar futebol com a lata de leite... estava radiante... o estômago vazio, mas o coração trasbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias sem dar-lhes maior importância. Daquele moleque nós podemos aprender a grande lição, "há mais alegria em dar do que em receber". É assim... que nós temos de amar. Sacrificando-nos com tal naturalidade, com tal elegância, com tal discrição, que os outros nem sequer possam agradecer- nos os serviços que nós lhe prestamos


Encaminhado por Anonimo.

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